9 de jun. de 2009

O preço da solidariedade

Vivemos em um mundo globalizado, onde a tecnologia já tomou conta das nossas vidas e as batalhas em busca de um lugar ao sol são diárias. As pessoas correm para todos os lados e estudam, trabalham se qualificam para chegar cada vez mais alto. Mas enquanto isso, uma pequena parte da população PARA. Deixa de lado parte de suas vontades e expectativas e passam a se dedicar as outras, aquelas que precisam de ajuda, carinho e atenção.
Geralmente pessoas com doenças graves ou mais velhas ficam aos cuidados de enfermeiras ou mesmo desconhecidos, pois os mais próximos geralmente não têm tempo e nem vontade de cuidar deles e por isso contratam outras pessoas ou procuram um colégio interno, um asilo, enfim qualquer outro lugar. Essa sem dúvida é a saída mais prática e menos trabalhosa, mas há aqueles que mesmo com dificuldades, se esforçam e se dedicam aos outros.
Como a dona Maria José Gonzaga, 58, que cuida de sua mãe de 97 anos e que está há 12 com Mal de Alzheimer. Devido a sua idade e a doença já muito avançada, dona Ana é totalmente dependente de cuidados. Maria José é professora e sempre trabalhou em escolas, mas para ficar mais próxima de sua mãe e também por dificuldades financeiras, optou por dar aulas particulares em casa, assim pode continuar trabalhando sem deixar sua mãe sozinha.
A rotina é exaustiva, explica Maria José, é preciso cuidar de tudo, dar banho, trocar de roupa, passar óleo no corpo, dar comida, ajeitar na cama de modo que ela não se machuque e tudo com o máximo de cuidado, pois devido a idade a pele de dona Ana se desfaz facilmente, causando cortes e machucados, que unidos aos problemas financeiros são as maiores dificuldades de todo o cuidado. Mas a professora diz que sempre gostou de ajudar as pessoas e que sente prazer em cuidar de sua mãe com quem sempre teve uma relação de amor.
No início ela mantinha um sentimento de revolta, devido às dificuldades e o desinteresse de seu único irmão, que não faz nada para ajudá-la, Maria José conta que pensava muito no por que disso e que pensava que sua mãe não merecia passar por isso. Mas um dia, uma pessoa lhe disse que ela tinha sorte em cuidar de sua mãe, pois seria muito mais doloroso se ela tivesse que cuidar de uma de suas filhas doentes. “Agradeço hoje por passar isso com a minha mãe e não com uma filha e fico feliz por eu conseguir cuidar dela” diz calma e esperançosa Maria José.
Depois desse dia, ela começou ver as coisas com outros olhos e hoje acredita que as recompensas por todo esse cuidado com sua mãe, está refletida nas coisas boas que acontecem com ela e com suas filhas.
Segundo a psicóloga Rose Maira Clemente, para cuidar das pessoas não é preciso uma teoria aplicada, mas sim vontade, pois a teoria e a pratica servem para que tratamentos e cuidados tenham bons resultados. Então o que motiva as pessoas é o amor, é saber que pode ajudar a fazer outro feliz, mesmo com problemas e dificuldades, pois quando a pessoa se sente motivada ela mesma se anima e tenta mudar.
Alguns destes “anjos” deixam de lado seus sonhos e vontades em prol do próximo. Se anulam por um tempo para cuidar daqueles que já estiveram eu seu lugar, com o mesmo amor e carinho. O que acontece com Jorgina Alderete, que há cinco anos veio morar em Campo Grande com o intuito de trabalhar e realizar seu sonho de fazer o curso de Ciências Contábeis. Mas na mesma época em que veio para capital, seus pais adoeceram, sua mãe quebro o fêmur, o que a deixou dependente para andar e seu pai com problemas no pulmão e na vista também já precisava de cuidados constantes.
Ao se deparar com tal situação, Jorgina e uma de suas irmãs decidiram trocar o sonho pelos carinho e cuidados com seus pais. Ela explica que não gostaria de outra pessoa cuidando de seus pais e que mesmo com muitas dificuldades, seus 11 irmãos os ajudam nas despesas da casa e nos cuidados com os pais. “A minha recompensa é de me sentir muito bem por poder cuidar deles enquanto estão vivos”diz Jorgina ao falar de como é ter uma pessoa que depende dela pra tudo.
Jorgina se diz motivada pelo amor que tem por seus pais e por reconhecer e respeitar a dedicação que eles tiveram, ao criar os onze filhos, e que hoje ela sente como uma forma de recompensá-los. “É a minha vez de cuidar deles”, diz ela.
Assim como no poema de um autor desconhecido, que diz “E que eu possa ao final ser agradecido pelo privilégio, de ter vivido para ajudar as pessoas a serem mais felizes. O privilégio de tantas vezes ter sido único na vida de alguém que não tinha com quem contar para dividir sua solidão, sua angústia, seus desejos. Alguém que sonhava ser mais feliz, e pode comigo descobrir que isso só começa quando a gente consegue realmente se conhecer e se aceitar".

2 comentários:

joão marçal disse...

muito pertinente o que postou sobre solidarieade, já que vivemos em uma época de puro egoísmo. ontem no profissão repórter passou sobre pessoas que se dedicam aos outros, não sei se vc teve a oportunidade de ver, mas no meu blog tem o link. acesse, comente, critique...opine.
grande apreço
paz e bem pra ti
João Marçal

Sylvio de Alencar. disse...

Bem, vou comentar o texto, como aluna deve se interessar por esse enfoque nas minhas observações.
Se quiser, podemos discutir este texto por mail (sylvio.d.alencar@hotmail.com).
Quanto ao assunto, não há o que falar: é interessante e atual. São pessoas abnegadas, trabalham numa 'obscuridade' samaritana, nem sempre têm a gratidão expressa, das pessoas que cuidam, é um trabalho perene, 24:00hs por dia, algumas vezes com pouquíssimo suporte financeiro. Por tudo isso vale a pena falar sobre esse pessoal, que dignifica a raça humana todos os dias, todas as noites...
Já trabalhei como voluntário para o CVV.

Quanto ao texto em si, acho que pode ser 'enxugado' aqui e ali, pouca coisa (mas que faz diferença). Existem uns... 2 ou 3 errinhos gramaticais, talvez 1 ou 2de sintaxe (talvez o errado seja eu). Considero ser 'sintaxe' uma coisa meio pessoal (como??? São regras!!!), pois levo em consideração se a língua uma coisa viva.
eu, teria modificado algumas coisinhas, nada estrutural, apenas arcabouço mesmo, só pra deixar o texto mais palatável (leia-se 'leve'), mais curto, mais coloquial (tenho uns assim no meu blog, falando do passado, do trabalho, de relações, da amizade... Vá lá, e me diga o que achou.)

Tenho que sair, tá relampejando muito agora.
Um forte abraço. Espero não ter sido folgado.