17 de nov. de 2008

Basquete: uma questão de incentivo misturado com doses de paixão!


Inventado em dezembro de 1891 pelo professor canadense James W. Naismith, o Basquete ganhou espaço, conquistando atletas em todo o país. Em Campo Grande o esporte se mantém através de clubes escolares, que são os times formados por estudantes de escolas estaduais e particulares. Hoje em dia, é através dos adolescentes que o esporte sobrevive na Capital, onde são realizados treinos diários em todas as escolas para competirem pela Federação de Basquetebol do Estado ou através da Liga Pró Basquetebol de Mato Grosso do Sul (LPBMS).

Segundo o professor de Educação Física Ronaldo Monteiro o Basquete está passando por uma fase complicada no estado, pois falta investimento no esporte, que acaba dependendo da direção das escolas, onde são realizados os treinos. “O maior problema hoje é que a Lei de Incentivo ao Esporte não está sendo cumprida, o que dificulta muito a realização do esporte aqui”, diz o professor que trabalha há 21 anos como técnico de basquete.

Os atletas que jogam pela Federação, são os que representam o estado nos jogos interestaduais, já os da LPBMS disputam os campeonatos entre times das escolas, o que serve como um incentivo para continuarem treinando.

Mesmo sem recursos financeiros, a Federação é responsável por promover competições entre os clubes, nas categorias, mirim, infantil e infanto-juvenil, na intenção de motivá-los a treinar para competirem fora do estado.

Para o professor Ronaldo Monteiro, o basquete ainda é um dos esportes em melhor posição do estado e isso aontece por causa dos treinos realizados diariamente. No esporte há quatro anos, a estudante Crislayne Maciel Casalli, 15, joga atualmente em quatro times da Capital, Funlec, Seleta, VanDerlei Rosa e José Maria e para isso treina todos os dias, somando 13 horas por semana.

A menina que começou a jogar por insistência de uma professora de Educação Fisíca, se diz hoje apaixonada pelo esporte. “Ás vezes até dá um desânimo ao ver que o esporte é pouco estimulado na cidade e até mesmo no país. Mas a vontade de ser uma profissional da área e fazer do basquete minha carreira não falta” diz Crislayne.

Incentivada desde pequena pelo pai, Crislayne explica que o esporte devia ser mais estimulado nas escolas e em casa, para que as pessoas conheçam e gostem de praticá-los. “O mais importante para mim até hoje é o apoio que recebo do meu pai, acredito que todos os pais devem incentivar seus filhos a praticar algum esporte”.

14 de nov. de 2008

Nós


É gostoso e divertido, não tem risco nem perigo, a vida ganha sentido, quando se tem um amigo.

(Ricardo Azevedo)

8 de nov. de 2008

A todos! Que de alguma maneira são importantes para mim!

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

De Paulo Sant'Ana

Telecentros: informatização a todos

Século 21, ano de 2008, era da informatização e da tecnologia, enquanto vemos crianças de sete anos dando aula de computação, temos milhares de pessoas que nunca tiveram acesso a computadores e internet. Há pouco mais de um ano, foram criados em Campo Grande os Telecentros, o projeto é uma parceria entre o Ministério das Comunicações e a prefeitura que consiste em levar informatização há pessoas carentes, que na maioria das vezes não tem a oportunidade de estar diante de um computador.

Assim foram implantados cinco unidades em comunidades carentes da cidade, com computadores e internet gratuitos. Localizados nas seguintes regiões, Vila Nasser, Vila Popular, Bairro Tiradentes, Bairro Los Angeles e Moreninhas. Em cada unidade existe um coordenador, um monitor e um instrutor, que auxiliam ensinando como usar os computadores.
Cada telecentro têm uma média de 10 computadores, o do bairro das Moreninhas é o maior com 16. O processo é semelhante ao de um cyber, ao chegar primeiro é feito um cadastro com uma senha para cada usuário, assim nas próximas vezes já vai haver um registro com nome e senha. A principio eles são usados com a intenção de educar auxiliando nos trabalhos, através de pesquisas na internet, assim também como orientar sobre as facilidades, como pagar contas pela internet ou imprimir boletos, até confecção de currículos além de entretenimento e diversão.

“O interessante é a oportunidade que os telecentros oferecem, a inclusão de pessoas que nunca tiveram a oportunidade de usar um computador” diz o coordenador dos Telecentros, Paulo de Melo, 55 anos. Os telecentros são abertos para pessoas de todas idades, no bairro das moreninhas, são 702 pessoas cadastradas, de oito até 63 anos de idade.

Existe uma restrição de alguns sites, como youtube (site de vídeos), orkut e msn (sites de relacionamento e entretenimento). Cada pessoa cadastrada têm direito há 30min a 1h30, além de 5 a 10 paginas de impressão. Como uma empresa normal o horário de funcionamento é das 7h30 às 11h e das 13h às 17h30.

Luís Henrique da Silva, 25 anos, monitor do telecentro das Moreninhas e também técnico dos computadores, acredita que as pessoas não sabem como utilizar os telecentros “Há um grande potencial dentro da comunidade, mas as pessoas ainda não sabem como utlizar. Aos poucos estão descobrindo quantas coisas podem ser feitas pelo computador”.

O estudante Sérgio Palmeras Marques de 11 anos, cursa a sétima série em uma escola no bairro das Moreninhas diz que vai ao telecentro para fazer pesquisas e trabalhos, por que é mais fácil e divertido. Em pouco tempo o menino aprendeu a usar o computador para fazer seus trabalhos e se divertir com jogos nas horas vagas.

Para ensinar os princípios básicos de digitação, windows e internet, a instrutora Karina Aparecida Silva, 19, auxilia quem possui dificuldades. Ela diz que as pessoas mais velhas geralmente se interessam em aprender. “Essa é uma boa iniciativa para auxiliar a comunidade carente”.

6 de nov. de 2008

E como vão os postos de saúde...

Falar sobre saúde é uma situação muito complicada, pois envolve a maioria das pessoas, sejam elas novas ou velhas, de boa situação financeira ou não. No Brasil, ou você paga por médicos particulares quando precisar de um, ou você pode adquiri planos de saúde através de um pagamento mensal ou então recorre a um posto de saúde público. Digamos que a grande maioria do povo brasileiro, por questões financeiras, recorre a última opção. E é exatamente onde começam os problemas, pois geralmente faltam pessoas capacitadas para atender todos as centenas de pacientes, que procuram os postos de saúde e hospitais diariamente.

Em Campo Grande a saúde pública funciona da seguinte maneira, exitem unidades básicas de saúde divididas por áreas demarcadas da cidade onde é realizado o processo de prevenção de doenças mais graves, ainda há os postos destinados a urgências e os de tratamentos específicos. A Unidade de Pronto Atendimento 24 horas Valfrido Arruda, localizado no bairo Coronel Antonino chega a atender de 15 a 16 mil pessoas por mês, com uma base de 377 pacientes ao dia. Inaugurado em novembro de 2007, essa é uma unidade pré hospitalar fixa que conta com médicos de plantão e enfermeiras para atender os pacientes que chegam em classificação de risco.

Para atender tantas pessoas são 100 médicos, quatro enfermeiras e 18 técnicos em enfermagem, fora os plantonistas que trabalham durante a noite e nos fins-de-semana. Diretora Administrativa da unidade, Elaine Pereira Alves diz ser muito cansativo o trabalho, porém a parte mais exaustiva é o atendimento com o público pois há uma sobrecarga no serviço, o que acaba por não satisfazer todos os pacientes. “A população é imediatista precisa ser atendido na hora” explica Elaine, como sendo uma questão cultural. Mas nem todas as pessoas pensam assim, quando se trata de emergências. “O atendimento no 24 horas é muito bom, não tem fila e os médicos são atenciosos, esses dias vim com o meu marido e atenderam ele na hora” é o que diz a aposentada Idália Maria Brito.

Ainda no bairro Coronel Antonino, funciona o Centro Regional de Saúde Dr. Arthur Vasconcelos Dias, prestando serviços de ambulatório, como posto de vacinação e atendimentos nas áreas de pediatria, neurologia, ginecologia, clínico geral, entre outros. Onde é preciso marcar a consulta primeiro e esperar até o dia que tem vaga na área em que deseja. Segundo a dona de casa de 49 anos, que não quis se identificar, o atendimento é bem complicado, pois são muitas pessoas na fila o que resulta em uma longa espera para poder se consultar. “Dependendo da área demora muito. Preciso ir no neurologista, mas a consulta foi marcada só para o ano que vem”. Nesse caso são poucos especialistas na área e o alto indice de falta nas consultas gera essa demora, explica a enfermeira Raquel de Melo.

Já para a aposentada Idália Maria Brito de 68 anos, o posto de saúde é muito bom, ela diz que nunca teve problemas. “Sinto muita dor nas costas e já passei por vários médicos aqui, mas não precisei esperar muito tempo para me atenderem”. Campo Grande hoje atende praticamente todo o estado de Mato Grosso do Sul, pois é onde se encontra os melhores médicos e estruturas hospitalares. Em casos mais graves os pacientes do interior são transferidos para a capital.

O que geralmente acontece é que a maioria das pessoas não pensam na prevenção das doenças e esperam um momente de urgência para procurarem um médico e isso acaba sobrecarregando o atendimento, deixando-o pior. “É aí que pecamos, pois na correria as coisas não são tão boas e acabam saindo pessoas insatisfeitas” explica a enfermeira Raquel de Melo.

Investigação

Dia desses me pus á rua para fazer uma matéria de jornalismo investigativo, aceditando não encontrar muitas dificuldades, mesmo por quê minha pauta falava sobre a situação da saúde pública de Campo Grande e pautas assim geralmente rendem muitas reclamações.

E fui... mas a medida que fui entrevistando pessoas e conhecendo o local, fui cada vez mais me surpreendendo com o que eu encontrava. Ao contrário do que pensava, me deparei com várias pessoas sendo bem atendidas e elogios, mas claro que ainda encontrei algumas reclamações. Ao entrevistas a parte administrativa da Unidade de Pronto Atendimento novas surpresas e ainda pude ver pessoas preocupadas como o bom atendimento ao público.

Assim tive que mudar o foco da minha matéria, pois acredito que não seria muito certo "falar mal" do que consegui apurar. Mas confesso que gostaria de poder pedir umas dicas para o meu colega Zé Bob na hora de escrever!!!

Bom foi um pouquinho difícil... mas acho que chguei perto.
obs: matéria acima.

Entrevista com o professor Ivan Russeff sobre Literatura Brasileira


Graduado em Letras e Ciências Jurídicas e Sociais o renomado professor de Literatura Ivan Russeff possui mestrado e doutorado em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pós-doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em 2006. Atualmente, integrando o Grupo Acadêmico Pedagógico da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), Ivan tem experiência na área de Educação, com ênfase em Língua Portuguesa e Literaturas Brasileira e Portuguesa, História e Filosofia da Educação.


Em entrevista ao Jornal Em Foco, o professor fala de como está a Literatura atualmete além de fazer uma homenagem ao centenário de morte do autor Machado de Assis.

Em Foco: Antigamente víamos com mais facilidade autores de renome na literatura e na poesia, coisa que acontece mais raramente hoje em dia. Você acredita em uma defasagem de bons autores? Se sim por que isto vem acontecendo

Ivan Russeff: Quando se indaga por que há poucos autores de renome, atualmente, na Literatura, a resposta mais facilitaria seria afirmar que estamos passando por uma crise de valores, que não há mais as genialidades dos tempos passados, ou que a Literatura está perdendo o seu atrativo, como forma de fruição estética e de experiência vital. Prefiro responder de forma afirmativa, ou seja, a Literatura continua exercendo um forte apelo sobre a sociedade; a leitura de uma obra de arte não perdeu o seu fascínio e o aprimoramento dos homens, mais do que nunca, tem na Literatura uma de suas mais significativas formas de expressão e recepção; ou seja, nós nos aprimoramos por meio da Literatura, quer escrevendo as nossas experiências e ansiedades, como autores, quer recebendo e fruindo-as, como leitores. Ora, o que constatamos, neste nosso mundo de múltiplos apelos intelectuais e estéticos, é uma diversidade e uma popularização de manifestações artísticas que concorrem com a Literatura. Assim, a facilidade com que o público tem acesso a filmes, mostras de pintura, fotografia e escultura, recitais de música, encenações teatrais e tantas outras manifestações diretas ou por meio de aparatos tecnológicos, acabou multiplicando expressivamente o número de obras e de autores. Esse fenômeno “invasivo e massivo” tirou a primazia de algumas manifestações artísticas digamos, clássicas, como é o caso da Literatura. Acresça-se a esse fenômeno de massificação, a tendência “desaurificante” do mundo contemporâneo, em relação a todas as artes; ou seja, a obra de arte perdeu a sua “aura” que a tornava única e como que ungida pelas musas. Como ocorreu com a Pintura, que se “desaurificou” com o advento da fotografia, mundanizando/vulgarizando os seus processos e produtos, também com a Literatura, os autores célebres, ungidos pelas musas, estão concorrendo com os autores mundanos e nem tão ungidos pelas musas; entretanto, embora “desaurificados”, esses autores têm o que dizer de seus guetos, de seus pequenos e insignificantes mundos... Se isso vulgariza a Literatura e a torna menos digna dos olhares olímpicos, de outro lado, trata de miudezas sublunares a que, talvez, o olhar dos grandes escritores não estivesse afeito. Por fim, também seria considerável, nesta discussão, o quanto a Literatura se ressente de uma tendência aligeiradora e de superficialização da cultura e da fruição estética. Assim, é um embate que vai exigir dos autores contemporâneos muita sensibilidade e sagacidade para enfrentar a predominância da “snack culture”, em que retalhos literários, fragmentos musicais, pequenos esquetes teatrais, “vídeos-minuto”, de fácil e rápida digestão, vêm substituindo obras de mais fôlego. Enfim, é o “fast-food” substituindo os grandes manjares, constituindo-se na expressão máxima de uma época trepidante e veloz. Mas não foi assim que os nossos modernistas enfrentaram os desafios de sua época, mais veloz e enérgica que o “belle-époque”, investindo nos “poemas-piada”, breves e incisivos como um “hai-kai”?

Em Foco: Você acredita que há uma falta de interesse da população com relação as obras literárias?

Ivan Russeff: Ao se falar em “desinteresse popular” pela Literatura, é imediata a lembrança de fenômenos como a saga de Harry Potter, ou a obra sempre avidamente consumida de Paulo Coelho. O que dizer? Com certeza, os milhões de exemplares desses autores, que se esgotam em tempo recorde, dão provas concretas de que não há o tão propalado desinteresse pela Literatura. Bem, a ressalva é sempre a mesma: são obras de suspeitíssimo valor estético. Ora, fica o aviso de sempre aos bons escritores de que, se podemos o mais, que é escrever a boa literatura, podemos o menos, que é seduzir o público leitor. Pode não ser tão simples, assim, mas será esse o eterno desafio dos escritores. “É dar tratos à bola”, como dizia Monteiro Lobato, pois leitores não faltam: a sua saga do Sítio do Picapau Amarelo aí está como emblema de convite à leitura e de forte sedução popular. A par disso, é óbvio, a boa educação, informal ou escolar, é indispensável para a formação de leitores; afinal, o único tropeço fatal para a Literatura, para além do desinteresse, ou falta de gosto estético, é o analfabetismo. Mesmo assim, sabemos que a leitura compartilhada, em que uma pessoa lê para um grupo, pode suprir provisoriamente essa carência. Assim mesmo, isto só é possível se houver um forte apelo cultural e político que provoque esse interesse pela obra literária, como ocorria com os anarquistas do início do século XX que compartilhavam suas leituras, em seus centros operários de cultura. A literatura entre esses trabalhadores humildes tinha um forte apelo político-cultural que a vida solidária e os anseios libertários tinham despertado.

Em Foco: Quais escritores e obras apresentam maior relação com a atualidade? E como podem ser usadas com os acontecimentos atuais?

Ivan Russeff: Vou me ater, nesta questão, a três autores brasileiros contemporâneos e já consagrados pela crítica e pelo público. Assim, a poesia de um Drummond é eterna pela temática centrada nos conflitos existenciais do homem contemporâneo, que se desfaz em “constelações de problemas”, como, também a de Manoel de Barros, a revolver aquela miúda contingência humana que se arrasta na vida, deixando rastros de prata do “mijo do caramujo”. Mas, o que dizer de Ferreira Gullar ao nos alertar, impertinente e mordaz, de que no Piauí “de cada 100 crianças que nascem, 78 morrem antes de completar 8 anos de idade”? E por aí poderíamos nos alongar, entre “clarices e joões”, desfiando rosários de autores nacionais, indispensáveis para a nossa educação estética, sentimental e política. A literatura brasileira, portanto, é pródiga em autores e obras relevantes para a nossa formação, basta esticar os olhos e tomá-los nas mãos.

Em Foco: Como o senhor percebe a influência da obra de Machado de Assis na literatura brasileira contemporânea?

Ivan Russeff: Eis aqui o nosso infalível Machado de Assis, presença obrigatória nas rodas literárias e entrevistas, especialmente neste centenário de sua morte. Sua influência é enorme entre os nossos escritores contemporâneos, seja pelo cuidado com a língua portuguesa; seja no alerta aos danos provocados pelos adornos excessivos do estilo; seja na compreensão, subentendida em seus textos, de que Literatura é sobretudo emoção e fantasia, o que nos faz fugir da realidade, para melhor compreendê-la; seja, enfim, pelo humor sutil –e nem por isso menos crítico- com que devassa a sociedade brasileira e, mais ainda, a alma humana, expondo-as, desse modo, ao olhar comovido/compreensivo do leitor. Todos esses aspectos machadianos impregnaram a literatura contemporânea, elevando-a e robustecendo-a como manifestação artística, constituidora, por assim dizer, do nosso caráter nacional.

Em Foco: Há muito ainda a se conhecer da obra de Machado?

Ivan Russeff: Como todo escritor universal e complexo, Machado de Assis deixou-nos uma obra inesgotável. A cada geração, a obra machadiana apresenta novas interrogações e diferentes desafios interpretativos, como se fosse um caleidoscópio; e o sorriso sorrateiro do autor estará sempre nas entrelinhas, deliciando-se com as nossas perplexidades e dúvidas, frente ao seu “decifra-me, ou te devoro!”.

Cursos profissionalizantes: solução do futuro?

Com o intuito de crescer profissionalmente muitos jovens estão optando por cursos profissionalizantes. Várias empresas se especializaram no ramo, oferecendo cursos de duração entre 1 e 2 anos que possibilitam capacitação para entrar no mercado de trabalho em curto prazo. Neste caso jovens adiam a faculdade ou mesmo a cancelam na busca por reconhecimento profissional e uma vida mais independente.

Audo Junior de 17 anos, esta terminando o curso de Assistente Administrativo que ele faz há dois anos no Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). “Comecei a fazer faculdade de Administração este ano, acredito que posso aperfeiçoar tudo o que aprendi no curso”. No SENAI são atendidos jovens entre 14 e 24 anos e que já concluíram o Ensino Fundamental. Duas vezes ao ano são abertas turmas para os interessados em participar dos oito cursos de qualificação Menor Aprendiz, que vão desde administração até produção de alimentos industriais, em seguida é feito um processo seletivo para formar turma com uma média de 35 alunos. Com a intenção de educar de uma maneira mais completa em paralelo com o curso os jovens trabalham em uma empresa como aprendizes, onde desenvolvem atividades de acordo com o que aprendem em sala de aula.

Segundo o Gerente de Educação e Desenvolvimento Tecnológico do SENAI de Campo Grande, Jesner Marcos Escandolhero esses cursos formam profissionais mais competentes. “Os estudantes são motivados a aprender o máximo para iniciarem sua vida profissional atendendo as exigências do mercado de trabalho”. Apostando no futuro da informática o Cedaspy (Capacitação Profissional em Informática) oferece cursos de capacitação com uma metodologia voltada para a preocupação com o aluno. “Nosso objetivo é formar professores e técnicos com 100% de aprendizagem” é o que diz o Gerente Geral do Cedaspy em Campo Grande, Luis Carlos Megda. Com todos os professores formados no ramo, a empresa oferece cursos que vão entre desenvolvimento de sites, manutenção de micros, internet, processadores de texto ou mesmo sistemas operacionais como o Linux e o Windows XP.
Para despertar o interesse de jovens entre 12 e 22 anos todos os meses são oferecidos cursos gratuitos com noções básicas sobre computação e internet que atendem 600 alunos todos os meses. João Guilherme de 16 anos diz que a faculdade é importante, mas o curso profissionalizante oferece mais facilidades e um reconhecimento maior. “Quero fazer faculdade daqui um tempo, quando já estiver no mercado e tiver certeza da área que quero seguir”.