24 de out. de 2008

Estágio em jornalismo: exploração ou aprendizagem

Diferente de outros Cursos de Graduação o estágio em jornalismo é uma atividade proibida. Segundo a legislação que regulamenta a profissão de jornalista (artigo 19 do Decreto 83.284/79) a prática não é permitida para que não haja exploração por parte das empresas, que optam por mão-de-obra barata.

Para suprir a necessidade de aprender além do que é transmitido em sala de aula e ainda ganhar experiência para enfrentar o concorrido mercado de trabalho, muitos acadêmicos decidem por desenvolver atividades voluntárias, onde não recebem nenhuma forma de pagamento mas acabam por adquirir mais conhecimentos. Como é o caso da acadêmica do 4° semestre da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) Geórgia Flores Duarte, de 23 anos, que há quatro meses desenvolve atividades voluntárias em um programa de TV da Capital. “Comecei aqui para aprender a editar vídeos, coisa que dificilmente conseguiria aprender em outro lugar em que não fosse voluntário, por questão de experiência mesmo”.

Permitida, desde que em formato acadêmico e supervisionado, a prática de estágio voluntário é realizada em universidades através de projetos pilotos, executados para complementar a formação profissional. “Acredito que o estágio voluntário é mais tranqüilo, pois assim posso me aperfeiçoar com a orientação dos professores”, é o que diz o acadêmico do 2° semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Daniel Teixeira Alexandre, de 17 anos, que optou por participar de projetos desenvolvidos fora do horário de aula.

Para os professores esse empenho em querer aprender mais é muito bom, pois possibilita ao acadêmico adquirir experiência através de bastante treino. Segundo a professora e coordenadora do Laboratório de jornalismo online da Uniderp/Anhanguera, Thaísa Bueno, o estágio voluntário é uma simulação do mercado de trabalho, onde o acadêmico consegue, aos poucos, pegar o ritmo de uma redação. “Geralmente esse tipo de prática é vista com bons olhos pelo mercado, pois mostra interesse do aluno em aprender e se capacitar mais”.

Já para o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul (SindJor-MS) Clayton Sales, os acadêmicos devem tomar muito cuidado ao aceitar qualquer estágio. “É preciso ter uma finalidade pedagógica e acompanhamento de um professor para não se tornar exploração”, afirma Clayton. Segundo ele o perigo está no estágio voluntário para empresas “picaretas” que se aproveitam dos estudantes como mão-de-obra barata para não contratarem profissionais formados que geram muito mais custos. “Considerando o contexto do mercado em Campo Grande não vejo vantagens no estágio voluntário, pois o acadêmico acaba por aprender de maneira errada, servindo como instrumento de chantagem de algumas empresas”, conclui Clayton.

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